terça-feira, 22 de setembro de 2009

Centro Histórico, Centro de Arte

É uma zona com tradição na área da criação artística - não é por acaso que as principais escolas de artes da cidade aí se encontram, ocupando edifícios centenários na zona classificada como Património da Humanidade (como a ESAP, a Árvore ou o Balleteatro) ou então na sua esfera de influência, ao longo da Baixa (FBAUP, ACE, ESMAE, Secundária Soares dos Reis).

Cooperativa Árvore

Não é também por acaso que alguns dos mais importantes alfarrabistas do Porto (os da Rua das Flores) aí fazem negócio há décadas, tendo construído um nome e reputação de nível internacional.
O Centro Histórico é igualmente casa de alguns espaços já míticos que activamente contribuem para uma oferta cultural de qualidade na cidade; seja através dos recitais de poesia do Pinguim Café, das exposições e tertúlias do Clube Literário do Porto, dos concertos d'O meu mercedes (um dos poucos espaços que foi sobrevivendo à desertificação do Centro Histórico), dos festivais de música promovidos pela Associação Comercial do Porto no belíssimo Salão Árabe, entre outros.

recital de poesia no Pinguim Café

Paralelamente assiste-se a uma crescente aposta no sector hoteleiro, através de novos conceitos de hotéis de charme pensados especificamente para antigos palacetes em ruínas; ou então, atendendo a outro sector em franca expansão, em hostels e no segmento low-cost, direccionado a um público mais jovem.
O feliz casamento entre arte e tradição faz surgir propostas comerciais como este Porto Paixão, onde peças de artesanato e produtos típicos da região são criativamente reinventados.

Para muito em breve contaremos com a abertura do Palácio das Artes - Fábrica de Talentos, um ambicioso projecto promovido pela Fundação da Juventude que terá como missão constituir-se como um centro de criatividade e inovação de excelência nacional e internacional, promovendo profissionalmente os Jovens Criadores / Artistas. Ser o pólo dinamizador do centro histórico enquanto cluster natural das artes e das Indústrias Criativas, potenciando a sua capacidade de atracção de profissionais criativos e de turismo. Esta obra tornar-se-à uma plataforma de ajuda a novos criadores, através do apoio à sua actividade e projecção das suas obras.

Edifício Douro, futuro Palácio das Artes

Muitos destes espaços e instituições viveram dias difíceis no tempo em que a cidade se encontrava de costas voltadas para o Centro Histórico, no tempo em que a desertificação batia às suas portas. O mérito de terem vencido as adversidades desse tempo (a que muitos não sobreviveram) é exclusivamente dos seus criadores e promotores.
No entanto, foi nos mandatos do Dr. Rui Rio que a autarquia voltou a dar a devida importância ao Centro Histórico e os portuenses foram progressivamente reavendo a zona mais nobre da sua cidade. Só desde então é que alguns dos projectos acima referidos (e tantos outros que actualmente contribuem significativamente para a repovoação da Baixa) viram estarem reunidas as condições necessárias para avançar e ter sucesso.

Desse esforço tremendo de "reconquista" do Centro Histórico destaca-se a acção da Porto Vivo SRU e de todo o processo de reabilitação por si gizado e promovido. E, em particular, de uma visão concreta para a zona, baseada na valorização da actividade artística alimentada por alguns dos espaços e organizações já referidos (entre muitos outros, claro).
A proposta de tornar a Sé num "bairro de estudantes", através da criação de residências universitárias (projecto do QREN já aprovado), do incentivo à instalação de ateliers, escritórios e habitações de tipologias tipo T0 e T1 (que se adequam melhor ao edificado histórico e classificado), encontra nessa visão o seu fundamento.

Para além disso, o executivo viu no reaproveitamento de equipamentos municipais sem função específica uma forma de contribuir para a afirmação cultural da zona. Assim foi feito com o Mercado Ferreira Borges (desaproveitado há décadas depois do mercado tradicional de frescos que aí se realizava ter entrado em desuso) que brevemente renascerá como uma "âncora" de desenvolvimento da zona:
O Hard Club no Mercado Ferreira Borges aposta na identidade patrimonial e na criação, promoção e desenvolvimento de práticas, bens e produtos capazes de proporcionarem uma experiência que unifica história, cultura e lazer e arte, em expressões tão distintas como a música, a pintura, a escultura, a fotografia, a dança, o cinema e o teatro.
A aposta na ocupação eficiente e apropriada dos equipamentos municipais potenciou a criação deste projecto privado que actuará como factor de promoção internacional da cidade e do seu Centro Histórico como pólo de criação artística, mas também como local de formação e divulgação cultural.

O investimento nos bens culturais será, certamente, um dos caminhos que a cidade poderá (e, na minha opinião, deverá) seguir para se tornar mais competitiva no futuro. Se assim for, estão hoje lançadas as condições para fazer do Centro Histórico do Porto o epicentro desse movimento.

projecto do novo Hard Club no Mercado Ferreira Borges

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