quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Debate

O debate de ontem na Sic Notícias demonstrou os diferentes patamares em que se encontram os vários candidatos à Câmara Municipal do Porto.

Rui Rio e Rui Sá conhecem os problemas da cidade, são cooperantes, têm pontos de vista diferentes em algumas matérias nos quais a respectiva ideologia naturalmente se mostra. A questão do Aleixo torna claro que ambos conhecem a cidade, mas propõem soluções diferentes.

Rui Rio tem formação do tipo alemão, tendo por isso uma postura de rigor em geral, e em particular nas contas públicas da Câmara, austeridade e promoção da iniciativa privada no sentido de que quem constrói a cidade são os portuenses. Independentemente de se concordar com a ideologia, todos os argumentos de Rui Rio são claros, isto é, as suas opções são bem fundamentadas e coerentes.

Rui Sá é também um portuense de gema, conhecedor da cidade e das pessoas e com grande afectividade pelas questões ambientais. Distante das questiúnculas partidárias, trabalha para o Porto como ninguém, prova disso foi o pelouro que ocupou no mandato anterior e todo o trabalho que desenvolve, ainda que não estando de momento na Câmara, cooperando na procura de soluções.

João Teixeira Lopes é também conhecedor da cidade, mas sobretudo preocupado com as pessoas e com algum toque da influência do fenómeno Bloco de Esquerda, quando por exemplo no debate para a Câmara, acusa o ministro Teixeira dos Santos de ser o responsável pelo desemprego. Em todo o caso, as pessoas são o mais importante e é fundamental que a cada passo nunca nos esqueçamos das suas sensibilidades. Claro que todos querem o melhor para os portuenses, mas algumas medidas deveriam ser acompanhadas de melhor acompanhamento social como propõe JTL.

João Pinto é uma pessoa genuína cujas opiniões pouco diferem dos candidatos da CDU e do Bloco, sendo no entanto de notar que é excepcionalmente calmo e bom de ouvir num debate, pois é sintético.

Elisa Ferreira é de outro campeonato, talvez nem sequer do mesmo desporto. Não só a educação no debate é levada a mínimos históricos, algo que fica muito mal a uma senhora, como parece completamente desenquadrada da realidade. O facto de ser candidata pelo PS não deve fazer com que sobre ela recaia o fantasma do que os anteriores responsáveis fizeram, nomeadamente Fernando Gomes, Nuno Cardoso e os deputados eleitos para a Assembleia Municipal. Nem deve esse argumento contra ela ser utilizado.
Contudo, o que deve ser questionado, é o facto de que durante todo o tempo em que esses responsáveis tomaram decisões erradas pela sua cidade, Elisa Ferreira nada fez e nada dissse. Aliás, a não ser no último ano, a cidade do Porto não ouviu uma palavra da eurodeputada. Naturalmente que o inverso também é verdade, Elisa Ferreira não ouviu nem leu nada sobre o Porto nos últimos 10 anos e isso sim é de criticar. A ausência de Elisa Ferreira dos debates e dos problemas sobre a cidade do Porto por si só enfraquece qualquer argumento utilizado pela candidata do PS, que considera que basta reunir alguns afamados artistas e pedir-lhes para fazerem campanha em cada concerto para vencer a CMP.

Elisa Ferreira é certamente uma óptima eurodeputada e tem feito nesse campo um trabalho que até à data não foi alvo de críticas. Isso não lhe dá o direito de ser uma candidata pára-quedista, criticar tudo e todos sem registo histórico de posições próprias e sua defesa nos principais temas da cidade e ainda ter o descaramento de dizer que se já foi ministra não quer ser vereadora da Câmara e se perder volta para a sua função no Parlamento Europeu.

A questão principal é a seguinte. Existe muito debate que deve ser feito sobre a cidade do Porto. Mais importante ainda, o debate não deve terminar no dia em que se souber o vencedor. O debate deve ser feito por todos os interessados que por cá ficarem e que tenham um forte desejo de melhorar esta cidade em que vivemos.

Há muito para fazer, desde a competitividade das empresas do Porto, ao apoio à habitação dos jovens na baixa, ao muito necessário investimento nas pequenas infra-estruturas de desporto na cidade, ao problema do tráfico de droga, aos problemas crescentes de trânsito, à qualidade de vida e espaços ambientais, à aposta nos transportes públicos e alternativos, como a bicicleta, à criação de pontos de conhecimento por toda a cidade, da qual o investimento em fibra óptica também faz parte, entre outros. Para todos estes temas são precisos os cidadãos do Porto interessados, que independentemente do resultado das eleições daqui a 10 dias, ficarão na antiga, mui nobre e sempre leal e invicta cidade do Porto.

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